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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Praia das Areias Brancas


Nova Câmara de Vereadores !!!


Swift Armour



”Quando a Cia. Swift adquiriu a Charqueada Union del Rozario, de capital uruguaio, em Rosário do Sul no ano de 1917, o grande problema enfrentado pelos gringos foi o de mão de obra. A única conserva de carnes que a gauchada sabia fazer era o charque, coisa que o sábio Assis Brasil associava com a estopa.?Para suprir essa falta foram importados centenas de uruguaios e argentinos, elementos já descartados pelos frigoríficos Tablada de Montevideo e Cold Storage de La Plata, na Argentina. Entre esses, muitos eram truculentos e brigões, com idéia revolucionárias para a época como o sindicalismo e o anarquismo.
Para os altos funcionários que vieram do Estados Unidos a Swift construiu um bairro típico americano com cottages (chalés) e o campo de golfe. Essas coisas existem até hoje. Os americanos formaram a sua própria polícia, aos moldes deles. Com a chegada desses estrangeiros surgiu o problema de acomodação. Para isso foram construídos os tétricos e afamados Quartos Brancos, entre o campo de golfe e a estrada de ferro, que mais nada eram que grandes celas onde era internado esse pessoal para o descanso. A forma como eram tratados esses infelizes funcionários platinos merece um estudo maior. Eles eram acordados ao som de potentes pauladas num grande sino que ficava entre os quartos. Sem muitas delongas e abaixo de gritos eles entravam em forma e eram levados como gado para o serviço. No caminho cruzavam com a outra leva que tinha cumprido o seu turno de serviço e retornava para os Quartos, onde ocupariam as mesmas camas recém desocupadas e ainda quentinhas.
Hoje os famosos Quartos Brancos ainda existem. Foram vendidos, repartidos internamente e transformados em confortáveis residências. Quase nada mudou em sua aparência externa a não ser algumas janelas. As originais eram muito altas para evitar as fugas. Durante a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, a Swift chegava a ter três turnos de oito horas, funcionando vinte e quatro horas sem parar. Era gigantesco o esforço de guerra do Tio Sam. Especialmente para a Segunda Guerra a Swift já recrutava operários entre os desocupados das cidades vizinhas de Rosário como Cacequi, Alegrete e São Gabriel.
Existem muitas testemunhas e relatos sobre a fome que passava a população de Rosário do Sul nos primeiros anos do século passado. O principal relato sobre isso é do escritor Josué Guimarães, nascido em São Gerônimo em 1921, filho de um telegrafista dos Correios, que foi transferido para Rosário no mesmo ano de seu nascimento. Faltavam comestíveis na cidade; o leite, por exemplo, ninguém tirava, apesar das vacas ficarem soltas pela cidade e até pastarem na praça. Quando tiravam o leite, era só para fazer queijo. Com dificuldades conseguia-se trigo, batata-doce e charque: esse havia em abundância. A dieta do gaucho pobre da fronteira sempre foi muito pobre, bem diferente do que contam os arautos do tradicionalismo, de que o Rio Grande sempre foi farto. Outro testemunho forte é o do Padre Estanislau, o padre da Cabras, de Santa Maria. Foi hercúleo o seu trabalho pelas campanhas na tentativa de reeducar a alimentação das populações no plantio de hortas e criação de cabras para a produção de leite.
Sobre o assunto dos prisioneiros de guerra japoneses trazidos pelos militares americanos: o Dr. Mario Ortiz de Vasconcellos, proprietário das terras onde foram assentados os soldados prisioneiros japoneses ainda está vivo e lúcido, apesar dos seus 104 anos. Também ainda trabalham no local o casal Luis e Arizolina, assim como os vizinhos mais antigos das imediações. Esses citados acima são boas fontes testemunhais e de informação.”(Comentário Jorge Telles)